domingo, 17 de março de 2013

Mudança para dentro


O lado “bom” de ter o diagnóstico definido foi o de conseguir saber que rumo seguir. Como eu gosto de ter as coisas organizadas, fazer tudo planejado e com parâmetros, saber definitivamente que ele não andaria mais me ajudou a nortear a nova rotina. Enquanto a dúvida pairava, além da angustia, do abalo emocional, havia a incerteza da vida, de como as coisas iam seguir.

Agora eu sabia que: ele precisaria de um carrinho para se locomover, o quintal não era mais uma opção de vida, o prazo entre os banhos diminuiria e ele precisaria emagrecer. Justo ele, o comilão da casa. Chamei novamente a minha amiga que chegou cheia de ideias e apetrechos.

Fato: precisávamos mudá-lo para dentro de casa. Depois percebi como a vida ficou muito mais fácil com ele dentro, mas no começo foi complicado. Eu tinha receio de ele se machucar com tantos móveis – confirmado depois – e nessa hora alguns fatores emocionais pesaram. Durante a infância e a juventude eu vivi em uma casa muito “bagunçada”, cheia de improvisos e quebra-galhos e o meu sonho sempre fora ter uma casa “bonitinha”, daquelas de revista. Isso não tem nada a ver com mania de organização e limpeza – pelo contrário, quando eu “bagunço” eu “bagunço” mesmo a casa – mas que tivesse certa ordem interna e externa. Passara por algumas casas antes, mas essa foi a que eu escolhi, do meu jeito, em um lugar que eu “namorei” mais de 10 anos antes de conseguir mudar. E mais: eu tinha planos de atender alguns clientes em casa. Como fazer uma sessão de coaching ou de consultoria em um ambiente adaptado e que, certamente, a situação do cão tiraria a atenção do cliente? Outra alteração definitiva na rotina: cachorro dentro, cliente fora.

Minha amiga chegou com um pedaço de mais ou menos dois metros quadrados de forração emborrachada com estampa imitando madeira. Colocamos em um canto da sala, como se fosse um tapete entre o sofá e a TV, bem em frente à porta de vidro que dá para o quintal. Como o chão da casa é de madeira, até que “combinou”.  Colocamos um colchonete com capa plástica, coberto por um tapetinho higiênico.

Tapete higiênico lavável
Dica: como no caso do Anúbis o tapetinho higiênico funcionava mais como uma “garantia” em caso de vazamento da fralda, optei por um modelo reutilizável. Sim, há tapetinhos reutilizáveis no mercado. Custam menos da metade de um pacote com 30 tapetinhos descartáveis e, segundo o fabricante, duram de 3 a 4 meses. Não sei se usaria em casos de o cachorro usar o tapetinho diretamente para fazer xixi, mas como acessório adicional, achei ótimo. Comprei dois porque, apesar de úteis, práticos e de fácil limpeza, eles demoram a secar. Troco a cada três ou quatro dias. A lavagem é simples. É só deixar algumas horas de molho em um balde com água, sem sabão ou outros produtos químicos. Sai tudo. Depois é só colocar para secar, o que demora um ou dois dias, pois o tapetinho tem uma base plástica onde acumula a água da lavagem e que precisa escorrer toda durante a secagem. Mesmo assim, mantenho um pequeno estoque de tapetinhos descartáveis, inclusive para o “kit passeio” que terá um post específico.

Cantinho do Anúbis

Devidamente acomodado dentro de casa, Anúbis agora provocava “inveja” na Raposinha e no Felipe Wanderley. O “cantinho do Anúbis” fica bem perto da porta de correr em vidro, que liga a sala ao quintal. Porta essa que eu deixava parte do dia aberta, apenas com um “portãozinho de cachorro”, separando-os.  Com isso ele conseguia olhar os passarinhos e o movimento dos dois outros cães. Inclusive podia “rosnar” para seu desafeto, Felipe Wanderley, quando esse corria no quintal.  Felipe é três anos mais velho que Anúbis. Os dois se davam bem até a chegada da Raposinha. Mesmo com todos castrados, a presença de uma fêmea – que já está conosco há oito anos – gerou animosidades. É o velho e conhecido triângulo amoroso.

Quem menos gostou da historia foi a Raposinha. De porte pequeno, ela sempre teve acesso mais livre à casa que os dois. Agora ficaria a maior parte do tempo no quintal. Inconformada, ela tentava pular o portãozinho do quintal para dentro (o poder de impulsão da Raposinha é impressionante). Nas vezes que teve sucesso quase caiu em cima do Anúbis.

Eu deixava essa porta aberta até quando saía por pouco tempo, mas mudei de ideia no dia em que ele resolveu ir até o quintal. Como ele não sente mais a parte traseira, não percebeu que “enganchou” as patas nos vãos do portão e acabou arrastando-o quintal adentro. Cheguei em casa e Anúbis estava no meio do quintal, preso no portãozinho.

Para evitar que ele se machucasse, ao sair de casa eu “cercava” o cantinho dele. Colocava uma madeira entre a mesa da TV e o sofá, calçada por um banco. Até que ele percebeu que conseguia empurrar a barreira e andar pela sala toda.

Precisei novamente mexer na rotina quando cheguei um dia em casa e a sala parecia que havia passado por um “tsunami”.  Nas suas “andanças”, ele prendeu perna na mesa da sala de jantar. Como Anúbis é muito forte, ele arrastou a mesa até o centro da sala, derrubando as seis cadeiras. Não sei como a cobertura de vidro ficou intacta.

Diante do “quase acidente” optei por montar uma segunda estrutura para ele na cozinha. Comprei alguns metros de passadeira de borracha e coloquei no chão. Quando saio de casa, coloco o colchão dele sobre essa forração e o deixo na cozinha. Lá os móveis são chumbados nas paredes e não tem pés. O espaço é pequeno, mas pelo menos não há risco de acidentes.

Um comentário:

  1. Karen, ele vai ficar super feliz com a cadeira de rodas, percebo por esse post, que ele esta super adaptado com sua nova situaçao!! Desculpa te perguntar, acho que vc ja comentou sobre isso, mas não me lembro, é por curiosidade!! Ele faz as fazes sozinho?
    Abraço,
    Gislene

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